Qual o papel das marcas na estabilidade social?
Vivemos um momento de grande euforia, de quebra de paradigmas, onde os indivíduos se sentem empoderados, participativos e valorizados por influenciar situações, que há pouco tempo eram impossíveis.
Temos todos os motivos para festejar o avanço da tecnologia digital, principalmente as redes sociais, a base das facilidades que mudaram a nossa forma de relacionamento. Porém, temos que manter um contrato social em nome da convivência ou, corremos o risco de retornar ao estado natural onde a luta era de todos contra todos. Precisamos manter de forma constante os nossos valores e a estabilidade social.
Um dos sentidos mais impactado com as redes sociais é a percepção. A influência de forma sistemática e unilateral pode transformar percepções em realidade. Recentemente, no ES, tivemos uma mostra desta influência (para o mal) que paralisou todo o estado. No inicio era um percepção de insegurança em razão das manifestações da PM, porém, com a troca de informações duvidosas pregando terrorismo, a percepção se transformou em realidade. A sociedade acreditou que não estava segura alimentando e ampliando as informações deste grupo. Outra parte deste processo (um lado perverso) percebeu uma oportunidade e começou a agir com total liberdade gerando assaltos, mortes e momentos aterrorizantes, um caos.
A tecnologia ajudou o lado perverso desta situação?
A tecnologia esta a disposição de todos, temos que nos preocupar em desenvolver a sociedade para que ela utilize as tecnologias para propagar os valores sociais, principalmente a verdade, na mesma proporção ou até em maior escala que propagam as informações distorcidas, boatos a serviço de interesses escusos. Esta atitude defenderá o nosso contrato social de convivência.
E as marcas, também sofrem com ações desta natureza?
Sim, elas sofrem e muitas vezes são penalizadas por informações unilaterais e duvidosas, ou propagam informações que não são suficientes e, nem intensas, para criarem valores positivos no combate às informações indevidas.
As novas tecnologias facilitam as relações entre marcas e consumidores, mas precisamos pensar na marca como parte geradora de valor para a sociedade, ter um propósito real, definindo como irá contribuir para o pacto social.
As marcas precisam transmitir emoções, opiniões, defender valores que agreguem algo para a sociedade, fazer sentido na vida das pessoas e criar relações saudáveis ao convívio. As marcas precisam ter propósitos.
Não podemos correr o risco de sermos falsos ou tratar a relação com a sociedade de forma supérflua. Esta pode ser uma armadilha que, com o tempo, cobrará um preço alto do negócio.
Vamos ser realistas, nos preocupar com o nosso pacto social e não permitir que as percepções negativas vinguem. Vamos usar todas as nossas forças e ferramentas para valorizar as nossas marcas, difundindo os nossos propósitos de forma intensa e sistemática, usando adequadamente as redes sociais, para criar um elo positivo e consistente com a sociedade.
As marcas podem e devem ajudar a construir uma sociedade mais saudável. Elas serão as principais beneficiadas, mas todos ganharemos.